Mais um dia vai passando. Vou preenchendo as horas com actividades que estão longe do início da fila. No entanto, soa-me mais agradável a ideia de fazer aquilo que não importa, que não é urgente, nem necessário. A minha mente tem viajado para estados de espírito tão contrastantes que apenas o conhecer-me me permite entender tamanha elasticidade. Quero tanto, quero tudo, salvar o mundo, realizar os mais variados projectos, capturar paraísos e olhares e peles secas e azuis hipnotizantes por este planeta fora, quero ver o sol a por-se e a nascer no mar, quero falar e beber dos pequenos traços que definem cada cultura ... e precisamente ao mesmo tempo quero Nada, quero fazer coisa alguma, quero fechar os olhos e sentir o calor do sol a acariciar-me o corpo, sentir a areia quente por baixo de mim, sentir as ondas desse ser magnifico, e ter a mente vazia de listas e ansiedades face a tarefas por fazer, a artigos por completar, mais uma revisão literária, mais um pequeno passo no desconhecido, mas tão pequeno.
Será verdade que por cada segundo que ponho para trás aumento a intensidade dessa batalha entre estabilidade e felicidade? Porque me parece que encontro ambas as faces desta moeda seja qual for o caminho que eu abrir? Porque ao mesmo tempo me parece que não as encontro? Seremos todos iguais nas coisas que realmente importam? Falo destes pequenos nadas, estas pequenas crises, estes pensamentos e medos que nos invadem segundos antes de nos atirarmos ao que quer que seja? Enfrentar um trabalho, definir um tema, escolher onde me vou concentrar, tomar uma decisão, sacudir a pó e voltar uma e outra vez a começar tudo de novo?
Creio que uns mais do que outros conseguem enfrentar o dinamismo que a vida pode assumir em algumas fases. Aqueles há que são capazes de olhar para uma extrema mudança com entusiamo vendo as oportunidades, outros que se atormentam com o que correrá mal e com os ses. Ainda existem outros que são isto tudo ao mesmo tempo. Seremos todos assim?
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